Em um dos jogos, Garrincha driblou o time inteiro, mas deu a bola para um companheiro marcar o gol. Todos ficaram estupefatos. Por que ele mesmo não marcara? Ninguém sabia ainda que para o Anjo das Pernas Tortas a alegria estava apenas em driblar. No exame médico ficou constatado que o jogador tinha o joelho direito virado para dentro e o esquerdo virado para fora, um deslocamento na bacia, a perna esquerda seis centímetros mais curta que a direita e era ligeiramente estrábico.
Na segunda partida do Botafogo pelo Carioca de 1953, Gentil Cardoso o escalou para sua estréia. Aos 14 minutos do segundo tempo, o pequeno Bonsucesso vencia por 2 a 1 e o juiz marca um pênalti para o time de General Severiano. Temerosos, nenhum dos craques se propôs a cobrar. Com a maior tranqüilidade, Garrincha apanha a bola e põe na marca do pênalti. O capitão Geninho olha para Gentil. O técnico faz que sim. Ele toma distância, chuta forte e Ary tem a honra de ser o primeiro goleiro a tomar um gol de Garrincha em partida oficial.
Para muitos, Garrincha foi o mais habilidoso jogador de futebol que já existiu. Dono de uma incrível capacidade de driblar, ele é o símbolo máximo do Botafogo em sua história. Após tentar a sorte e ser rejeitado no Vasco e no São Cristóvão (por causa de suas pernas tortas e do desvio que tinha na coluna), Garrincha foi treinar no Botafogo. Em sua primeira jogada, pôs a bola entre as pernas do já lendário lateral-esquerdo Nilton Santos e acabou contratado a pedido do próprio lateral.
Pelo Botafogo, disputou 608 partidas e marcou 245 gols. Conquistou três Campeonatos Cariocas (1957, 61 e 62) e dois Torneios Rio-São Paulo (1962 e 1964). Pela Seleção Brasileira, conquistou duas Copas do Mundo (1958 e 1962), e detém até hoje uma marca impressionante: perdeu apenas uma das 61 partidas que fez com a camisa da Seleção.
Vítima de cirrose hepática, morreu no Rio de Janeiro em 1983. Em 1998, foi escolhido para a seleção de todos os tempos da Fifa, em eleição que contou com votos de jornalistas do mundo inteiro.
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